A última visita


Padece timidamente a Rosa
Reluzindo no amanhecer,
Sobre o fraco brilho da aurora,
a dor amarga do sofrer.

E se move com o vento,
perdendo-se pelos cantos,
voa em desalento,
à procura de um [en]canto.

E vai pendendo,
de árvore em árvore,
dependendo apenas,
da sua passagem.

Despedaçando-se pelo caminho.
Até, por fim, só lhe restar
uma única pétala.

Pequeno resquício de primavera.
Já era, meu amor, já era.
A estação passou,
mudou de cor.

Mas a última pétala ainda voa.
Vaga plenamente sozinha,
pela vazia rua,
passa às vezes esquecida
até tocar a minha pele nua.

A última visita
passa a minha vista
e se vai.

Um comentário:

Fran Carneiro disse...

Raramente vejo poemas que me agradam tanto! *-*

Lindo, lindo.