A revolta de um poema.

Que me perdoe o Verbo dos belos inícios.
Não começarei com rimas.
Não terei métrica, nem perfeição.
Serei apenas espectro de poema, não serei poema não.
Até porque, não quero mais o ser.
Cansei de me prender,
de suar e de sofrer.
De parir-me sem defeitos,
de abater-me com medo,
das críticas que hão de me fazer.
Da faca encostada na garganta, que carrego.
Vejam como tenho razão.
Querem prender-me, em linhas perfeitas,
querem que eu seja apenas uma faceta.
Como se as palavras, inúteis, fossem. 
Não, não quero ser poema não.
Não quero ser duro, espremido em versos.
Não quero ser concreto.
Quero ser poesia,
livre, bela, viçosa.
Penetrável,singela, audaciosa.
Quero ser poesia, e se não posso sê-la
que me deixem ser folha em branco.
Esquálido este meu desejo, eu sei.
                                                  Mas se não for pra ser livre, não deixem-me nascer.

3 comentários:

Eduardo R. V. disse...

inefável.

Anônimo disse...

Oi =) pra quem não lembra eu sou a Amanda Romero do Keep Breathing e estou reabrindo o blog. Fiquei um tempo sem escrever por falta de tempo, mas quem escreve sabe que quando não se coloca essas palavras pra fora a mente vira um furacão.
Tem post novo (http://amanda-romero.blogspot.com/2011/06/o-problema-voce-nasce.html)
e se gostar da uma olhadinha no resto do blog =) http://amanda-romero.blogspot.com/

Obrigada.

/Não tenho o que dizer sobre teu poema. Como já dito ali em cima: inefável.
Senti falta do teu blog.

marcela disse...

Eu faço Letras. mas nunca serei capaz de fazer um poema tão lindo como esse. Inefável elevado à décima potência.
Beijos!