O medo que desloca fronteiras


Somente mais um dia frio como tantos outros,aquecido pelo medo,é uma sensação perturbadora que perdura sem fim,com muitas explicações e razões,é mais um dia que tanta diferença faz e é quase impossível não pensar no amanhã. Será frio como hoje? Vazio e abandonado... ?
Mas também é inevitável não pensar no passado,e é quando esse pensamento retorna que o medo se intensifica, as lembranças são sombrias, cheias de dor,uma dor mais profunda,mais delicada,não é essa dor que você está acostumado,talvez nem seja dor,acredito que seja sofrimento,dor passa...sofrimento é um buraco aberto.
São lembranças de perda,o medo de ir também, a vontade de voltar,mas a obrigação de fugir.A saudade de quem se foi, de quem se perdera e talvez de quem nunca mais volte a ver.A sensação de solidão contínua,de não ter nada, nem si mesmo.Viver fugindo das perseguições, das guerras,sair do seu lugar,antes fosse por vontade própria,mas sem querer é ainda pior.São milhões,todos os dias...
Com as mesmas sensações e com os mesmos medos, mas com histórias diferentes para contar..Cada refugiado tem a sua história e cada perda é uma perda pessoal.É uma parte da vida que se foi privada de viver.Talvez,graças a Deus, você nunca venha a sentir o que eles sentem,mas é impossível não se sentir culpado,mesmo não sendo.Pois a culpa é da humanidade,eu faço parte dela.São tantos meu Deus que se perdem por esse mundo em buscas dos sonhos,de um sorriso,de um amparo,que fogem das guerras,da crueldade e da perversidade criada pelo homem.Da intolerância que ainda persiste.E eu ainda insisto em entender, por quê? Para quê? E até quando terei diante dos meus olhos tanto sofrimento,pois me doí acreditar que exista na humanidade tamanha frieza.E que eu pertença ao mesmo grupo que tantas pessoas vazias: HUMANOS.

" Os seres humanos me assombram" - (Palavras da morte, personagem narrador do livro A menina que roubava livros;Markus Zusak)

DADOS RELEVANTES: Tecnicamente o termo refugiado significa alguém que foi obrigado a fugir do seu país por perseguição política, religiosa ou outra. Não são emigrantes por vontade própria. António Guterres, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, falou, em 10 milhões de refugiados em que 4 milhões pertencem ao Iraque. A isto some-se 25 milhões de deslocados dentro do seu próprio país por motivos de conflito, mais os deslocados por fome, pobreza extrema e desastres naturais (as alterações ao clima já começam a entrar nas estatísticas).

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